Durante muitos anos o estudo sobre os
solos residuais tem tomado cada vez mais relevância nas lides das mais diversas
academias de geociências mundiais com maior realce para o Brasil, regiões
Centro e Sul de África, e algumas outras regiões de clima tropical húmido onde
esses solos têm maior representação.
Os solos residuais estão distribuídos
por muitas regiões do mundo, tais como: África, o Sul da Ásia, Austrália, parte
Sudeste da América do Norte, América Central e respectivas ilhas, América do
Sul e regiões consideráveis da Europa. As maiores áreas e espessuras destes
solos ocorrem normalmente em regiões tropicais húmidas, tais como: Brasil,
Ghana, Malásia, Nígeria, Sul da Índia, Srilanka, Singapura e Filipinas (Brand e
Phillipson,1985. Citado em Duarte, 2002 e USDA Natural Resources conservation,
2004).
Figura 1 – Mapa dos solos (USDA Natural Resources Conservation, 2002.
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Em Angola, a primeira informação
conhecida sobre os solos data de 1878, mas o estudo sistemático dos mesmos, segundo
uma perspectiva pedológica iniciou-se em 1946, devido à iniciativa da Secção de
Física Agrícola do Instituto Superior de Agronomia, procedeu nesse ano ao
reconhecimento preliminar dos solos da região planáltica (Botelho da Costa
& Azevedo,1947; citado por Sertoli, 2009).
A partir de 1951, com a colaboração da Junta de
Investigações do Ultramar, hoje Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT),
onde se constituíram a Missão de Pedologia de Angola - MPA (1953-1973) e o
Centro de Estudos de Pedologia Tropical - CEPT (1960-2004), o estudo dos solos
de Angola intensificou-se de forma notável, continuando a fazer-se em íntima
ligação com o Instituto Superior de Agronomia. (Ricardo,1961)
Com o trabalho de outras entidades, quer grupos
privados actuando no domínio da caracterização e cartografia de solos, quer
núcleos de investigação dos serviços oficiais de Angola, a actividade em Angola
decorreu principalmente nas seguintes áreas: caracterização, classificação e
cartografia dos solos; física, química e mineralogia do solo; pedogénese;
micromorfologia do solo; degradação, conservação e recuperação dos solos;
fertilidade do solo e nutrição mineral das culturas; tecnologia geral do solo,
com relevo para a tecnologia da fertilização; pedoclima (Sertoli, 2009).
Muitos dos estudos realizados em Angola
revestiram-se de um carácter pioneiro e tiveram marcada projecção no
estrangeiro, de tal modo que foi mesmo reconhecida internacionalmente a
existência de uma “Escola Portuguesa de Pedologia Tropical”.
Por exemplo, quando a Carta dos Solos
da Huila veio a lume, realizaram-se em Africa duas reuniões internacionais de
grande importância em relação a classificação dos solos africanos: a chamada
“Conferência Regional de Pedologistas” e a “3ª Conferência Interafricana dos
Solos”. Onde, dentre outros assuntos, apresentou-se para a discussão a 1ª
aproximação da Carta dos Solos da Africa ao Sul do Sara, houve progresso na
definição dos solos e na sua nomenclatura e abriu oportunidade para a discutir
a 2ª aproximação e a preparação para a apresentação da 3ª aproximação da Carta
dos Solos da África ao Sul do Sara que teve uma ligação com a classificação
Francesa, enriquecendo o conjunto com contribuição de certos conceitos
desenvolvidos para solos do Congo por pedologistas Belgas (MPA, 1961).
Do ponto de vista científico,
investigaram-se os principais tipos de solos de Angola numa perspectiva global
e tipicamente naturalista, caracterizaram-se quanto à morfologia e a aspectos
físicos, químicos e mineralógicos, definiu-se a sua taxonomia pedológica e
estudou-se a sua distribuição geográfica.
Dessa actividade de caracterização,
classificação e cartografia de solos, resultou a publicação de um vasto conjunto de Cartas de Solos: Ex-distritos da
Huíla e Cunene (1959); Ex-distrito do Huambo (1961); Ex-distrito de Moçâmedes
(1962); Ex-distrito Cabinda (1965); Ex-distritos Uíge e Zaire (1972);
Ex-distrito Benguela (1981); Província de Cuanza Sul (1985); Província de
Malanje (1995); Província de Bié (2002). Em vias de publicação: Províncias de Lunda Norte, Lunda Sul e Moxico,
e Província de Cuando-Cubango. Em
elaboração: as Cartas das Províncias de Luanda, Bengo e Cuanza Norte.
Figura 2 – Carta geral dos
solos de Angola (etapas de evolução dos estudos)
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Além disso tornou-se possível cobrir
todo o território angolano com uma carta de solos, tendo-se publicado nesse
sentido a Carta Generalizada dos Solos de Angola (3ª aproximação) em 1965.
No que respeita à Taxonomia Pedológica,
os estudos desenvolvidos que conduziram à construção de um Sistema de
Classificação dos Solos de Angola contribuíram de forma marcada para o
progresso da taxonomia dos solos tropicais (IICT, sem referência).
Embora já se obteve essa 3ª aproximação (1965), o
conhecimento obtido quanto às características, tipologia, classificação e
distribuição geográfica dos solos de Angola – conhecimento esse que era directo
em relação às áreas estudadas e que correspondia a uma previsão no respeitante
às áreas ainda não estudadas, fazendo-se tal previsão por extrapolação para
estas últimas áreas dos conhecimentos que se haviam obtido directamente nas
primeiras, atendendo à correlação verificada entre os respectivos factores
pedogenéticos. Houve a necessidade de se fazer novos estudos; foi assim que
surgiu a 4ª Aproximação concluída em 1997 (numa versão digital, formato
vectorial) e foi elaborada utilizando a Classificação de WRB (World
Reference Base for Soil Resources).
A primeira versão da WRB foi lançada durante o 16°
“World Congress of Soil Science” em Montpellier em 1998 e, desde então,
tornou-se a referência oficial para a nomenclatura dos solos e para a
classificação dos mesmos na Comissão Europeia e foi adoptada como ferramenta
preferida pela “West and Central African Soil Science Association” para
harmonizar e trocar informações na região (WRB, 2006).
Figura 3 – Carta Generalizada dos Solos Angola (WRB, 2006)
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Tais tipos de
solos em Angola se verificam em grande parte dos planaltos do centro e sub
planaltos centro-norte: Huambo, Huila, Zaire,
Uige, Malange, Ndalatando, Kwanza – Sul e Bié (Sertoli, 2006).
Referências
Referências
MISSÃO DE PEDOLOGIA DE
ANGOLA E MOÇAMBIQUE E CENTRO DE ESTUDO DE PEDOLOGIA TROPICAL (1965).“3ª Aproximação da Carta Generalizada dos
Solos de Angola”. Junta das Missões e de Investigações do Ultramar.
Ministério do Ultramar.
MISSÃO DE PEDOLOGIA DE
ANGOLA (1961). “Carta Geral dos Solos de
Angola – II-Distrito de Huambo”. Junta de Investigação Ultramar. Ministério
do Ultramar.
PEEL, M. C. AND FINLAYSON, B. L. AND
MCMAHON, T. A. (2007). "Updated world map of the Köppen-Geiger climate classification". Hydrol. Earth Syst. Sci. 11: 1633-1644. ISSN 1027-5606.
RICARDO, R. P. (1961). “Características dos ácidos húmicos de
alguns solos de Angola”. Estudos, ensaios e documentos nº87. Junta de
investigação do ultramar, Lisboa.
SERTOLI, PAOLO ENRICO (2009). As características do complexo de troca e a
classificação dos solos da República de Angola. Dissertação para
obtenção do Grau de Mestre em Engenharia
Agronómica. Instituto Superior de Agronomia. Universidade Técnica de Lisboa.
Felisberto
Monteiro Queta
Muito interessante esse artigo me foi muito util. Obrigado
ResponderEliminarFico muito feliz em saber. Na verdade, queremos contribuir mesmo que infimamente na melhoria do conhecimento neste campo do saber, e esperamos publicar outros artigos que podem igualmente ser-lhe de interesse. Obrigado
ResponderEliminarAdorei a pesquisa... Estou a procura de matéria sobre solos da região de Bom-Jesus... Caro eng. Queta, adorei saber da participação no enriquecimento nesta área da conhecimento... Fico feliz que sejas tu a quem muito admiro... Desejo forças para que continues... Grato bom amigo
ResponderEliminarObrigado pela consideração companheiro!
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