A formação do solo é um processo lento, gradual e
constante, onde as rochas e outros materiais expostos à superfície da Terra ou
próximo dela ficam sujeitos à acção de processos naturais de aquecimento e
resfriamento, decorrentes da alternância de dias e noites, da acção dos ventos,
da actividade de organismos e principalmente da acção das águas, que se
infiltram a partir das chuvas e percolam através dos materiais existentes.
Esses processos naturais actuam no sentido de desagregar e decompor os
materiais expostos à superfície.
Quando actuam sobre as rochas esses processos são
chamados de processos de intemperismo. Assim, intemperismo é o conjunto de
processos que desintegram e/ou decompõem a rocha. Como o intemperismo acarreta
a modificação das características originais da rocha, é também chamado de
alteração intempérica. Assim, a alteração intempérica das rochas ou
simplesmente, a alteração das rochas, ou ainda meteorização das rochas,
significa a desintegração e a decomposição das rochas promovida pelo
intemperismo que é responsável pela formação de solos. Esta alteração devém da exposição das
rochas, formadas sob determinadas condições termodinâmicas no interior da
crosta terrestre, às condições atmosféricas bem diferentes das quais elas foram
formadas, o que provoca um reajuste termodinâmico na massa rochosa na procura
por uma nova configuração de equilíbrio. (Ollier, 1984)
Tipos de alteração
Os
processos de alteração ou meteorização podem ser agrupados de acordo com a sua
natureza em três classes básicas ou tipos (Mitchell, 1976):
· Alteração Física: quando promove a
modificação das propriedades físicas das rochas pela acção de agentes naturais
como a mudança do estado de agregação da água, variação de temperatura, acção
dos ventos, cristalização de sais e a actividade das raízes e plantas. Acarretando
a fragmentação dos seus componentes minerais da rocha, em fragmentos cada vez
menores sem envolver a transformação química e mineralógica. Este tipo de
alteração, tende a ocorrer mais junto a superfície. E muitas vezes é seguida
pelo processo de alteração química;
·
Alteração
química: ocorre quando as rochas expostas a água corrente com compostos que
reagem com os componentes minerais das rochas e alteram significativamente a
sua constituição nas superfícies expostas e no interior das fissuras existentes.
Quando ocorre o acréscimo de hidrogénio resulta no processo de hidratação;
quando é o de oxigénio resulta na oxidação; quando o acréscimo é uma combinação
de carbono e oxigénio resulta em carbonatação; e ainda quando o acréscimo é de
minerais solúveis promove a dissolução; e a hidrólise é resultado do acréscimo
de iões solúveis. A hidrólise e a oxidação, alteram os minerais originais da
rocha e formam minerais argilosos (argilo-minerais), mais estáveis ao ambiente
superficial (Mictchell, 1976); a hidratação, dissolução e a carbonatação,
assumem maior ou menor importância consoante o clima local, as condições de
drenagem, o tipo de rocha, coberto vegetal, entre outros (Duarte, 2002).
Comparados com os processos físicos, os processos de alteração química são
capazes de um ataque muito mais potente que em casos extremos as mudanças
resultantes na composição, propriedades e texturas podem ser tais que apagam
quase completamente a natureza original do material primário. Por outro lado,
enquanto os processos físicos ocorrem a superfície ou próximo dela, os
processos químicos ocorrem geralmente em profundidade que podem atingir
centenas de metros (Chorley, 1969). Mas qualquer processo é mais activo, em
função das condições específicas do local e do clima dominante. Assim, enquanto
os processos de alteração física ocorrem principalmente em climas áridos
(quentes ou frios), os processos de alteração química ocorrem principalmente em
climas tropicais;
·
Alteração
bioquímica: se gera sob os efeitos
de diferentes processos bioquímicos, entre quais destacam-se: a acidez gerada
nas raízes das plantas, a catálise que provocam algumas bactérias sob a
oxidação do ferro e o enxofre, e a acção dos ácidos orgânicos produzidos
durante a decomposição da matéria orgânica nos horizontes superficiais do solo.
Os processos bioquímicos não só constituem um factor genético na formação do
solo mas também joga um papel significativo na decomposição e meteorização da rocha.
Por
causa desses processos de alteração e de formação de novos minerais, um
conhecimento aprofundado da génese e composição de solo residual se faz
necessário para uma cabal compreensão do seu comportamento mecânico.
Referências
Referências
ALAN A. LUCIER, SHARON G. HAINES (1990). Mechanisms of Forest Response to Acidic .Deposition.Springer-Verlag New York, Inc., 175 Fifth Aveneu. New York, NY 10010, USA.
MITCHELL. J. KENNETH (1976). Fundamentals of soil behavior. University of Michigan.
RICHARD J. CHORLEY (1969). Water, Earth and Man: A Synthesis of Hidrology, Geomorfology and Socio-economic Geography. Mathuen.